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Familiares de vítimas do serial killer de Maceió relatam vazio após mortes


g1 conversou com as famílias de Louise, Mikaele, Débora, Tamara e Ana Clara, todas assassinadas, segundo as investigações, por Albino Santos de Lima, que está preso. Da esquerda para a direita: Mikaele Leite, Débora Vitória e John Lenno, Louise de Melo, Tamara Vanessa e Ana Clara. Todas são vítimas do serial killer de Maceió
Montagem/g1
Vazio. Esse é o sentimento que as famílias das vítimas do serial killer de Maceió sentem. Todas as 10 vítimas eram jovens, sem envolvimento com crime, e com uma vida inteira pela frente. O que todas as famílias agora esperam é que a justiça seja feita. Para elas, Albino Santos de Lima, 42 anos, deve ser responsabilizado pelas mortes praticadas.


Após a prisão do homem, apontado pela Polícia Civil de Alagoas como um assassino em série e responsável pela morte de pelo menos 10 jovens da periferia de Maceió, as famílias das vítimas passaram reviver a dor e a saudade. Albino de Lima já foi indiciado por quatro assassinatos.
A reportagem do g1 conversou com as famílias de Louise, Mikaele, Débora, Tamara e Ana Clara, todas mortas, segundo as investigações, pelo serial killer de Maceió.
Louise Melo
Louise Melo, 18 anos, morta no Vergel do Lago, em Maceió
Redes sociais
“Uma pessoa do bem”. É assim que Lucineide Vieira, de 53 anos, lembra da neta Louise Melo, uma jovem trans de 18 anos assassinada a tiros na noite de 11 de dezembro de 2023, na Rua do Meio, localizada no bairro do Vergel do Lago.
“Louise era caseira. Passava o dia no celular, era amiga de todos, uma pessoa de bem. Ela morava comigo e com uma prima. No dia do crime eu perguntei se ela ia para a Escola [Aurelina Palmeira de Melo], que ela estudava à noite, e a Louise me respondeu que ia, me pediu a bênção, foi a última vez que eu falei com ela”, conta Lucineide.
A avó contou ainda que no dia do crime, Louise confessou a uma amiga que estava sendo perseguida e que, por isso, foi acompanhada no trajeto de volta para casa. No meio do caminho, elas foram abordadas por um homem com balaclava. Foi ele quem efetuou os disparos que mataram a jovem de 18 anos.
“Uma amiga dela, a Marília, falou que no dia do crime elas largaram mais cedo e ficaram na praça. Na hora de ir embora, a amiga ia na direção contrária e ela pediu um abraço. Logo depois, ela chamou a amiga e contou que estava sendo perseguida por um homem em um carro com vidros escuros. Ela disse que decidiu acompanhar Louise até em casa. Quando chegou no caminho, esse carro passou a seguir as duas e as forçou a entrarem na rua que essa amiga da Louise morava. Enquanto ela tentava abrir a porta de casa, ela me disse que só ouviu a Louise falando ‘Ai, meu Deus’, e ouviu os disparos”, relembra.
De acordo com a avó, Louise sonhava em cursar direito e falava sempre que ia estudar para mostrar para ela que conseguiria entrar na faculdade. “Ficou muito difícil sem ela, era uma ótima neta e meu desejo é de justiça”.
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Tamara Vanessa da Silva Santos
Tamara Vanessa da Silva Santos (esq) com a irmã Roseane Sobral da Silva (dir)
Arquivo Pessoal
Vanessa, como gostava de ser chamada, era natural de Messias, na região metropolitana de Maceió. Ela tinha 21 anos quando foi morta em um atentado em 8 de junho de 2024, no Vergel do Lago. A irmã dela, Roseane Sobral da Silva, é categórica ao lembrar de Vanessa: era o tipo de pessoa que estava sempre disposta a ajudar os outros.
“Ela foi morar em Maceió em dezembro de 2021, quando foi passar as férias na casa de amigas. Nessa época, ela conheceu um rapaz com quem se casou e se tornou marido dela. Receber a notícia da morte dela foi um baque, pela pessoa que ela era a gente não esperava nunca. Sinto muita saudade dela. Quando eu recebi a notícia meu coração parou de bater junto com o dela e só voltou agora. Não desejo mal a ele [Albino], só quero que a justiça seja feita. Eu não quero matá-lo, não sou igual a ele”, conta Roseane.
A notícia de que o assassino de Tamara Vanessa foi preso chegou como um alívio para a família. Roseane conta que acredita que a justiça começou a ser feita.
Débora Vitória Silva dos Santos
Casal Débora Vitória e John Lenno foram mortos pelo serial killer de Maceió, aponta investigações
Arquivo Pessoal
Débora tinha 21 anos quando foi assassinada a tiros junto do marido, John Lenno Santos Ferreira, 20 anos, na Rua Dr. Virgílio Guedes, no Vergel do Lago. O pai dela, Adeilton Silva dos Santos, de 49 anos, disse que recebeu a notícia da morte da filha pelo telefone.
“Era uma boa filha, uma boa pessoa, não fazia mal a um mosquito. Ela morava no Vergel com o esposo. Ela era alegre, servia demais as pessoas, era 100%. Das filhas mulheres, ela era a mais nova. Eu era muito apegado a ela, como era apegado aos outros. Era a minha filha mais querida, porque era mais nova. Ela tinha casado há pouco tempo. A gente sente falta, qual o pai e a mãe que não sente falta do filho? A minha esposa vive na base do remédio, perdeu muito quilo. Ela trabalhava com a minha esposa no Centro. Eram muito apegadas”, conta Adeilton.
O pai de Débora explica que a filha tinha o sonho de ser médica e estava planejando fazer cursos preparatórios para mudar de emprego. “Eu acredito que a justiça está começando a ser feita, que vai ser feita. Que ele pague pelo o que fez, ele tirou muita vida de pessoas inocentes”.
Mikaele Leite da Silva
Mikaele Leite Da Silva, de 21 anos, assassinada no Vergel do Lago, em Maceió
Redes sociais
Mikaele tinha 21 anos e era a mais nova entre quatro irmãs. A irmã mais velha dela, que preferiu não se identificar, diz que passou a ter crises de ansiedade e chegou ao ponto de precisar tomar remédio de uso controlado após a morte de Mikaele.
De acordo com a irmã, Mikaele era uma pessoa brincalhona, alegre e que tinha muitas amizades. Ela deixou um filho de seis anos.
” Ela era uma pessoa boa, uma pessoa carinhosa, e, infelizmente, por conta desse psicopata ela morreu. Porque os motivos só tinham na cabeça dele, né? Ele falou que as vítimas eram todas envolvidas com facção, isso é mentira, isso é mentira. Ele era manipulador, psicopata, sempre planejou pegar as vítimas mais novas, tudo do mesmo padrão, porque dava em cima delas, porque não aceitava que elas não queriam nada com ele ou porque queria matar mesmo, matar. Tudo que ele fazia era planejado”, conta a irmã.
Após a morte, a família de Mikaela ficou “sem chão” e teme que o serial killer seja solto. “É uma dor que não tem fim, principalmente sendo de um filho, sendo uma pessoa inocente. Minha mãe até hoje sofre e chora muito. Eu também, pela morte dela. A família até hoje não aceita e não sabíamos por qual motivo ela foi morta”.
Ana Clara Santos Lima
Ana Clara Santos Lima, de 13 anos, foi perseguida e assassinada em Maceió
Arquivo Pessoal
Nascida em 2011, Ana Clara tinha apenas 13 anos quando foi perseguida e morta a tiros. Ela tentou fugir do assassino e correu até a casa de um vizinho, localizado em uma vila onde morava, no bairro do Vergel do Lago. Ela era a filha única de Piedade Wilma Melo dos Santos, uma comerciante de 43 anos que vende produtos na Praça Guedes de Miranda.
“A minha filha era uma menina cheia de saúde, cheia de sonhos para viver, uma menina calma, educada, era a minha companheira. Minha única filha e aconteceu isso. Ela estudava, gostava de se divertir e nesse dia, ela saiu e esse monstro correu atrás da minha filha e aconteceu essa tragédia. Ela nunca falou para mim que tinha sido perseguida. Ela, assim como eu, era muito calada. Queria eu que ela tivesse falado e infelizmente ela não falou nada. Fique arrasada porque não pude fazer nada para a minha filha. A gente fica se culpando. Muita saudade. Vontade de abraçar, de beijar, ainda choro muito, todo dia, não desejo para ninguém”, diz a comerciante.
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PorG1 Alagoas